de menino triste que sofre sozinho,
que sozinho sofre - e resiste.
Cabecinha boa de menino ausente,
que de sofrer tanto se fez pensativo,
e não sabe mais o que sente...
Cabecinha boa de menino mudo
que não teve nada, que não pediu nada,
pelo medo de perder tudo.
Cabecinha boa de menino santo
que do alto se inclina sobre a água do mundo
para mirar seu desencanto.
Para ver passar numa onda lenta e fria
a estrela perdida da felicidade
que soube que não possuiria.
Cecília Meireles, "Criança", in: Viagem (1939) - Poesia Completa, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 246.
Bem-vindo ao mundo dos blogs. Adorei as duas primeiras postagens... coisa fina! Espero ansiosamente pelas demais.
ResponderExcluirJe te remerci, Anderson.
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