quinta-feira, 14 de março de 2013

Primo Levi

No dia que terminei as postagens da minha crônica, "Campo de extermínio", tive a ventura de conhecer o Primo Levi, que viveu concretamente o campo de extermínio. Seu relato no livro "É isso um homem?", que pretendo comentar, mais detidamente, em algumas postagens nos próximos dias, é uma fonte brutalmente enriquecida de sentimentos e ideias sobre sobreviver a processos de aniquilamento e, ao mesmo tempo, reconstruir, lentamente, um caminho de pensamento; que é também uma busca por um eu e um outro, sem o qual deixamos de ser homens. "Pensar", diz o Primo, conserva viva uma sensibilidade que é fonte da dor. É esta dor que nos põem em marcha, que nos ajuda a desvelar um sistema inteiro de aniquilamento, que nos apresenta as sementes de vida e de morte (Raymond Williams), nos dando uma medida do nosso futuro. Sem dor não há pensamento, sem pensamento não há vida. Mas atenção. Tente ler dor, pensamento, vida não como um conjunto de palavras gastas e conhecidas, mas como algo ainda não refletido, não pensado, assim como sugere o eu-lírico: aquilo que não sabido ou pensado, no labirinto do peito vaga durante a noite ("À lua", Goethe). 


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